Inicialmente senti medo, mas depois fiquei com raiva da sua proposta:
“Tente não ser assim durante algum tempo”. Celeríssimo passou pela minha
mente todos os anos em que não fui eu para lhe agradar e ser querida por você e
por fim avaliei que você apenas não sabia o que estava dizendo. É isso! Entendi afinal que
completude não é perfeição. Apenas ouvi uma tolice, só que escutar tolice só é
tolice mesmo, quando quem diz não tem força emocional em mim, mas quando
tem... Qualquer asneira pode tornar-se séria, muito séria e dolorosa.
Às vezes penso em minhas faltas que fatalmente são dilatadas pelas futilidades que me permito durante a caminhada. Crescer no meu
caso tem sido quase um transtorno, muitas vezes me sinto um crocodilo. Não tive
consciência do medo que sentia (e sinto) durante muito tempo. Agora eu sei que
tenho medo e está tudo bem, posso aguentar isso! Sei que errei muito e ainda se
Deus quiser terei tempo para mais alguns erros, também posso aguentar isso! Mas
tenho certeza que não aguento mais não poder ser essa que sou, porque sei que
mereço ser quem sou como sou e ainda assim ser amada. Mereço, mereço e
ainda mereço.
E digo com todas as letras: Se o preconceito for maior que o
amor, nunca foi amor e dane-se esse sentimento mesquinho disfarçado de proteção
a vergonha que no fim das contas é medo ao que difere, por não se enxergar e
por isso saber lidar.
Fiquem tranquilos não vou dizer mais nada, não perturbarei
nenhum sono que apenas parta-se o meu! Ficarei como sempre estive meio que
trancada meio que solta sem saber ao certo quem sou e para que estou aqui, mas
hoje mais tranquila por poder rever-me.
Sou igual a você, nem um pouco melhor nem um pouco pior, sou
igual a você, uso máscaras, tenho medo, sorrio para coisa nenhuma, mas exijo o
direito à cidadania de ser. Só isso!
Arredia,
Sandra Miranda