segunda-feira, 30 de maio de 2016

Poemou... Parâmetro - Adélia Prado




Parâmetro
Deus é mais belo que eu.
E não é jovem.
Isto sim, é consolo.

Adélia Prado

Retirado:
http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/adelia-prado-poemas/

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Poemou... Assim eu vejo a vida - Cora Coralina


Assim eu vejo a vida
Cora Coralina

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Poemou... Poema em linha reta - Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)


Poema em linha reta
Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Livro "Fernando Pessoa - Obra Poética", 
Cia. José Aguilar Editora - Rio de Janeiro, 1972, pág. 418.


segunda-feira, 9 de maio de 2016

Poemou... A Course in Miracles



"Trago aos teus olhos cansados a visão
de um mundo diferente;
tão novo, luminoso e fresco,
que tu te esquecerás da dor e do sofrimento
que viste antes.
No entanto, essa é uma visão
que deves compartilhar com todos os que vires, 
pois do contrário não a contemplarás.
Dar essa dádiva vai fazê-la tua."

 A Course in Miracles


segunda-feira, 2 de maio de 2016

Poemou... Madrigal Melancólico - Manoel Bandeira



Madrigal Melancólico

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

(Bandeira, Manoel, Madrigal Melancólico, in: Poesia Completa e Prosa/ O Ritmo Dissoluto, Rio de Janeiro. Editor Nova Aguilar, 195, p.189)


Manoel Bandeira (1881-1968) nasceu na cidade do Recife, Pernambuco, no dia 19 de abril de 1886. Filho do engenheiro Manoel Carneiro de Souza Bandeira e de Francelina Ribeiro, abastada família de proprietários rurais, advogados e políticos. 


Para saber mais sobre Manoel Bandeira:

http://www.releituras.com/mbandeira_bio.asp

EM QUEM OU O QUE VOCÊ ESTÁ ANCORADA?

Em quem ou o que você está ancorada? Algumas pessoas colocam sua confiança fora de si mesmas, terceirizam seu próprio poder e aguardam que a...