sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Sonhos



“A melhor maneira de realizar seus sonhos é acordar.”   Paul Valéry

O que é acordar? Diz Aurélio que é despertar, provocar.

Despertar traz movimento, sugere sair do lugar comum, quem desperta muda de lente.
Provocar é bom!  Toda provocação acende algo em alguém, possibilita renovação.

Quero hoje pensar no sair do sono como um momento de revisitar o que se tem feito por si e para si mesmo.
Quanto você faz por você, por vontade, porque quer? Você vive desperto? Atento a si, a seus sonhos? 
Estou fazendo essas perguntas que podem parecer  torpes porque adoro ouvir pessoas e tenho percebido que o que muitos chamam sonhos, não são seus sonhos, mas  desejos de pessoas que lhes são afetivamente importantes.

Exemplos:
Pessoas que fazem faculdade X porque seus pais fizeram ou acham que este é o melhor caminho; pessoas que estudam para concurso porque a família/sociedade entende que esta é a forma mais segura de viver, pessoas que permanecem em relações que já acabaram porque os parceiros são pessoas adequadas, considerados legais ou de bem, ou ainda porque não querem ficar sozinhas...

Aí pergunto: A vida que você está vivendo, é a que você escolheu para viver? Ou você está reproduzindo o que alguém pensa que é o melhor para você?

Pense no que o motiva a ir adiante apesar dos pesares... Você faz mesmo o que quer fazer para alcançar os seus sonhos?

Freud disse que “Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons.” Penso que ele não estava falando da bondade legítima, mas sim da máscara de “bonzinho”, estava falando de fazer coisas para agradar o outro, para ser bem visto, para ser querido, reconhecido. E quando começamos a fazer coisas para atender expectativas alheias, vamos ficando cada vez mais refém de atenção, de aprovação...

Queremos ser acolhidos afetivamente e para atingir este objetivo, fazemos o que podemos e sabemos para receber carinho (somos “bons”), mas não fazemos o nosso melhor, porque nem sempre sabemos qual é o nosso melhor, perdemos o contato conosco. Nos perdemos de nós...

Espinosa asseverou que “Não é por julgarmos uma coisa boa que nos esforçamos por ela, que a apetecemos, que a desejamos, mas ao contrário, é por nos esforçarmos por ela, por querê-la, por apetecê-la, por deseja-la, que a julgamos boa”.

Sendo assim, quando mais me envolvo no que acredito, mais quero me envolver, então podemos nomear sonho, querer tanto passar em um concurso e não sentir-se feliz em estudar ou não encontrar tempo para fazê-lo, ou ainda postergar o momento de estudo? 

Podemos nomear sonho querer viver um romance especial e quando encontra o alguém começa a perceber que não atende as expectativas e mesmo assim, aguarda mudanças, porque pode ser que mude...?

Qual o nome que podemos dar ao que fazemos porque “é o que tem que ser feito”?

É sonho mesmo?  Será?

Desejo que daqui para frente você conduza seu sonho!

Sandra Miranda






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