Não posso adiar o amor
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as
costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha
vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa
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