CONCLUSÕES
DE ANINHA
Estavam
ali parados. Marido e mulher.
Esperavam
o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida,
humilde, sofrida.
Contou que
o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que
tinha dentro.
Estava ali
no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo
rancho e comprar suas pobrezinhas.
O homem
ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou
sem palavra.
A mulher
ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu
e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu
a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?
Donde
se infere que o homem ajuda sem participar
e
a mulher participa sem ajudar.
Da
mesma forma aquela sentença:
"A
quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."
Pensando
bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o
anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e
ensinar a paciência do pescador.
Você
faria isso, Leitor?
Antes
que tudo isso se fizesse
o
desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra.
CORA CORALINA. Conclusões de Aninha.
Vintém
de cobre: meias confissões de Aninha.
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