segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Poemou... A Dança- Soneto XVII - Pablo Neruda - Cem Sonetos de Amor.




A Dança/ Soneto XVII


Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio

ou flecha de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma. 



Te amo como a planta que não floresce e leva

dentro de si, oculta a luz daquelas flores, 
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.



Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, 

te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, 



senão assim deste modo em que não sou nem és

tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda: A Dança/ Soneto XVII - Cem Sonetos de Amor.


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Poemou... O Silêncio Das Estrelas - Lenine


O Silêncio Das Estrelas - Lenine

Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus e amanheço mortal

E assim, repetindo os mesmos erros, dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procuro afinal?

Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais, de mais
Afinal, feito estrelas que brilham em paz, em paz

Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus e amanheço mortal

Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Poemou... Amor bastante - Paulo Leminski




Amor bastante

Quando eu vi você

tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante

basta um instante

e você tem amor bastante.



Paulo Leminski 

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Poemou... Cântico VI:Cecília Meireles



Cântico VI

Tu tens um medo:

Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.



Cecília Meireles 
(Poesia Completa, p. 124)

EM QUEM OU O QUE VOCÊ ESTÁ ANCORADA?

Em quem ou o que você está ancorada? Algumas pessoas colocam sua confiança fora de si mesmas, terceirizam seu próprio poder e aguardam que a...