segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Poemou... A Dança- Soneto XVII - Pablo Neruda - Cem Sonetos de Amor.




A Dança/ Soneto XVII


Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio

ou flecha de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma. 



Te amo como a planta que não floresce e leva

dentro de si, oculta a luz daquelas flores, 
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.



Te amo sem saber como, nem quando, nem onde, 

te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira, 



senão assim deste modo em que não sou nem és

tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda: A Dança/ Soneto XVII - Cem Sonetos de Amor.


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