A Outra face da raiva (2004) é um drama com traços
de comédia que apresenta a raiva como resposta ao “abandono” sofrido por Terry
Wolfmeyer (Joan Allen).
É sabido que raiva gera raiva (e ressentimento e
vingança e patologias) e o filme bem mostra como também revela que a mesma não
está desassociada da tristeza,
frustração, e sofrimento que se disfarçam no grito, no alcoolismo, no
comportamento irascível da personagem.
Anestesiar a dor é prática atualíssima numa
sociedade que anseia resultados encantadores e instantâneos, onde o rápido já
ficou para trás, e se deseja uma vida paradisíaca, sem incômodos, pressões e
aprendizados, enfim sem dores. Os outros podem sofrer! Lá fora o desastre, a
fome, o assassínio pode acontecer, mas são coisas que acontecem e são prováveis
lá e não aqui.
É interessante perceber que Terry sofre e faz sofrer
pela perspectiva que percebe a adversidade ocorrida em sua vida. Pode-se
imaginar que o relacionamento não vinha bem para que seus pensamentos tomassem
o rumo que tomou, ou que ela estava trazendo a superfície o reflexo de suas
feridas psíquicas. Quem vai saber?
Embora a raiva se manifeste no corpo (adrenalina,
taquicardia, sudorese),é alimentada pelo que se acredita, pensa e alimenta no
psiquismo...
Reconhecer a raiva e compreendê-la possibilita encontrar
a nossa parte nos acontecimentos que experienciamos e perceber como lidamos com
a impermanência das lições, além de evitar o ressentimento, já que sendo a
raiva uma emoção primária é fato que acontecerá, porém mantê-la é uma questão
de autoconhecimento.
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